O Dia
da Igualdade Salarial celebra-se no próximo domingo, 6 de março. Este dia foi instituído pela União Europeia e deve
representar, em cada país, o número de dias que as mulheres terão que trabalhar
a mais para atingirem o mesmo salário que os homens num determinado ano: em
Portugal, uma mulher tem que trabalhar, em média, mais 65 dias para igualar o
salário de um homem em funções iguais/de valor igual.
De acordo com o Código de Trabalho Português,
“na determinação do valor da retribuição
deve ter-se em conta a quantidade, natureza e qualidade do trabalho,
observando-se o princípio de que, para trabalho igual ou de valor igual,
salário igual” (Artigo 270º - Critérios de determinação da retribuição),
contudo, dados estatísticos demonstram que persistem desigualdades complexas e
discriminações entre homens e mulheres no mercado de trabalho, designadamente
no que respeita a remuneração:
- a desigualdade salarial entre homens e
mulheres é, em grande medida, maior quanto mais elevado o nível de
educação/qualificação: o diferencial salarial aumenta consoante o nível de
escolaridade, sendo menor ao nível do 3º Ciclo do Ensino Básico e superior ao
nível da Licenciatura, sendo esta desigualdade particularmente acentuada no
nível de qualificação “Quadros superiores”;
- em abril de 2014, o ganho médio das mulheres
era de 79,6% do valor médio dos homens.
Poderá demorar 118 anos para que as mulheres recebam os mesmos salários que homens
em funções semelhantes, segundo o “The global gender gap report”, que comparou
dados relativos a salários e oportunidades de carreira, nível de educação,
saúde e sobrevivência e poderes políticos, para compreender a magnitude das
disparidades entre homens e mulheres e acompanhar a sua evolução. Portugal
encontra-se no 39º lugar da lista de 145 países.
As estatísticas atribuem particular
importância e valor ao trabalho remunerado, contudo, o trabalho não remunerado
(tarefas domésticas, responsabilidades familiares) ocupa também uma quantidade
significativa de tempo, sobretudo das mulheres: ao trabalho remunerado e à rede
de amizades é atribuída elevada importância por parte dos homens, sendo que das
mulheres se espera, para além do exercício de uma atividade profissional
remunerada, o desempenho das tarefas domésticas e das responsabilidades
familiares - as mulheres despendem, em média, 21 horas por semana em tarefas
semanais, ao passo que os homens investem apenas 8 horas semanais em tarefas
semelhantes. O trabalho familiar, sobretudo as tarefas domésticas, tende a ser
trivializado porque é frequentemente encarado como trabalho feminino, sendo que
a participação dos homens no trabalho doméstico surge como opcional num grande
número de casais.
Para reverter esta realidade, é fundamental
que seja reconhecida e debatida, de forma a encontrar soluções alternativas que
contemplem a efetiva igualdade de género. Desde o início da sua atividade que a
Multiaveiro se tem empenhado na promoção da igualdade de oportunidades para
todas as pessoas, homens e mulheres, o que se traduz em práticas inclusivas
relacionadas, entre outras, com a constituição de grupos de formação e o
recrutamento de equipas de consultores/as e formadores/as com base no princípio
da igualdade e não discriminação, a abordagem transversal da temática em toda a
formação desenvolvida, o Concurso “Construir igualdades, afirmar diferenças”,
iniciativa que conta já com 4 edições, a consultoria na área da igualdade de
género, designadamente, ao nível da implementação de planos para a igualdade
nas autarquias e nas empresas, e a existência de diversas boas práticas neste
âmbito, designadamente através da realização de formação interna para a
totalidade dos recursos humanos e externa para todas as pessoas interessadas na
temática.
Fontes Consultadas:
CITE – Comissão para a igualdade no trabalho e
no emprego (www.cite.gov.pt).
GEE/ME, Boletim Estatístico (Janeiro 2015).
Perista, H., Maximiano, S. & Freitas, F.
(2000). Família, género e trajetórias de
vida: uma questão de (usos do) tempo. In IV Congresso Português de
Sociologia.
World Economic Forum (2015), The global gender gap report 2015.
Genebra: World Economic Forum.
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