Atualmente, a economia social, mais propriamente
através das IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social), gere
orçamentos anuais de vários milhões de euros. É fundamental que os seus órgãos
sociais, maioritariamente voluntários/as, sejam apoiados por uma equipa de
recursos humanos com experiência em gestão e administração. Hoje as IPSS necessitam, impreterivelmente,
para o seu pleno funcionamento, de praticar uma gestão empresarial com sentido/orientação social.
Para a prática de uma gestão empresarial com
orientação social, os órgãos sociais contam:
I) Voluntariado especializado
em diversas áreas de atuação (gestão de tesouraria, decisão e prioridades nos
investimentos, desenvolvimento de novos serviços/respostas, implementação de
técnicas de marketing (social), otimização do relacionamento externo com
bancos, fornecedores, mecenas ou outras IPSS. A existência de voluntariado
especializado permite, às IPSS, suprir as necessidades de pessoal qualificado,
que, muitas vezes, precisam apenas a tempo parcial e que dificilmente
conseguiriam suportar economicamente. Cabe às instituições desempenhar um bom
trabalho para atrair e convencer uma equipa diversificada de voluntários/as
(médico/a, advogado/a, enfermeiro/a, gestor/a) que contribuam para o pleno
funcionamento da instituição e a tornem viável e sustentável financeiramente.
II) O estabelecimento de acordos
públicos nas IPSS tem que passar a ser encarado como uma, entre muitas outras, fonte de receita e não como a única
ou a principal.
Esta transformação
de mentalidades tem que existir no núcleo diretivo das IPSS para que se possa
alterar estratégias e traçar objetivos para diversificar fontes de receitas.
III) Implementação de estratégias
diversificadas para a obtenção de fontes de receitas:
- Rentabilização dos seus imóveis
Rentabilizar os
imóveis das IPSS (prédios, lojas, casas, quintas, herdades, …) através do
arrendamento. As IPSS devem fazer um esforço para remodelar/requalificar/adaptar
os imóveis para os arrendar, para daí retirarem contrapartida financeira ou
onde o pagamento pode ser realizado em géneros, que poderão ser consumidos pela
instituição.
- Assinatura de protocolos/parcerias com
empresas tendo subjacente a responsabilidade social
As IPSS recebem
donativos em géneros e, em contrapartida, as empresas beneficiam da publicidade
realizada e veem o seu gesto, no âmbito da responsabilidade social, ser
reconhecido e valorizado.
- Prática de programas de mentoring e realização de eventos
diversos para angariação de donativos
O/A cidadão/ã
gosta de ajudar alguém com rosto específico e não efetuar donativos
indiferenciados. Num programa de mentoring
cada doador/a financia uma necessidade específica, seja ela humana, social,
cultural, intergeracional ou uma causa singular, como a renovação de uma sala
de atividades de uma resposta social ou uma sala de reabilitação de uma unidade
de cuidados continuados e, em contrapartida, fica com o seu nome na placa dos/as
benfeitores/as do projeto, ou até mesmo, dão o seu nome ao espaço ou à própria
causa social.
- Implementação de uma política de redução de custos acompanhada
pela eficiência na utilização dos recursos existentes
Criação e
participação em centrais de compras de bens e serviços que permitam usufruírem
de preços mais vantajosos. Esta estratégia permite incrementar a cooperação
entre IPSS parceiras através da partilha de instalações físicas, equipamentos
ou recursos humanos especializados. Os mesmos recursos podem ser utilizados por
diversas entidades parceiras (IPSS), o que origina uma maximização de
resultados financeiros. O ideal passaria pela existência de IPSS especializadas
em determinadas respostas e serviços sociais, bem como pela prática de um
trabalho em rede e acompanhado pelo encaminhamento de clientes. Esta medida
devia ser acompanhada pela partilha de recursos humanos especializados entre
IPSS congéneres.
As IPSS, muitas
vezes, têm a possibilidade de assinar protocolos diversos com organismos
públicos (escolas, hospitais) ou privados (empresas, restaurantes, ginásios), que
se tornam numa importante fonte de receita (exemplo: refeições nas escolas,
empresas, centros de saúde ou serviços de lavandaria para ginásios,
restaurantes, empresas, clínicas, etc.).
IV) Aproveitamento de todas as oportunidades
de financiamento na apresentação de candidaturas diversas, com o objetivo
de receber uma ajuda financeira na aquisição de equipamento diverso,
fundamental para o pleno funcionamento da instituição, bem como a realização de
obras.
Nas IPSS, a gestão
empresarial com orientação social tem que passar, obrigatoriamente, pela
diversificação das fontes de receitas e pela implementação de novas estratégias
de atuação, salvaguardando, sempre, o cumprimento do seu objetivo primordial
que passa pela maximização da qualidade dos serviços prestados, em função das
necessidades dos seus clientes.
Face ao exposto, a
estratégia dos Programas Operacionais (PO) no âmbito do Portugal 2020, na vertente
social, passa pelo alcance de um crescimento/desenvolvimento inteligente,
sustentável e inclusivo. www.portugal2020.pt
Ao longo da sua atividade, e nos diversos programas de apoio dos
quadros comunitários anteriores, a Multiaveiro apoiou múltiplos clientes
institucionais, IPSS e outros, na preparação e acompanhamento dos seus projetos
de financiamento, os quais se revelaram importantes na obtenção da viabilidade
económica, financeira e social.
É no seguimento deste contexto e com o intuito de alcançar o
patamar da viabilidade que as Organizações da Economia Social aguardam pela
abertura de diversas candidaturas ao Portugal 2020, designadamente, entre
outros:
Programa de Capacitação para o Investimento Social
Eficiência Energética nas Empresas
Equipamentos Sociais