segunda-feira, 9 de maio de 2016

A MPPO como ferramenta de intervenção organizacional



A Metodologia de Planeamento de Projetos por Objetivos (MPPO) é uma ferramenta de suporte a intervenções formativas e de consultoria, com uma razoável disseminação em Portugal, sobretudo através de projetos de Formação-Acção, cujo desenvolvimento foi incrementado na década de 90, prolongando-se até hoje. Esta metodologia tem origem nos EUA nas décadas de 60/70 quando a United States Agency for Internacional Development (USAID) começa a utilizar ferramentas de monitorização e controlo nos projetos de cooperação e desenvolvimento social - a Logical Framework Approach - baseadas numa matriz que consistia na hierarquização de objetivos, estabelecimento de medidas para os alcançar e análise de pressupostos necessários para o sucesso dos projetos em causa. Foi sofrendo alterações e readaptações até adquirir a estrutura que hoje conhecemos.

Em Portugal, a MPPO tem sido muito utilizada em PME’s – Pequenas e Médias Empresas –, ainda que seja aplicável a múltiplas realidades, sempre que num projeto, para ultrapassar determinadas dificuldades e/ou para alcançar certos objetivos, se pretende valorizar a visão e o conhecimento dos/as empresários/as e dos/as trabalhadores e trabalhadoras duma entidade. Esta metodologia pressupõe, deste modo, o total envolvimento do/a líder da PME, enquanto elemento que acumula saberes e experiências práticas essenciais e que tem a visão estratégica do negócio, e dos restantes elementos da empresa, na medida em que são estes que melhor conhecem a rotina e dificuldades operacionais diárias, sendo a eles, inúmeras vezes, a quem se destinam as medidas. Aqueles/as que supostamente seriam os alvos da intervenção transformam-se assim nos seus principais intervenientes.
É nesta interacção entre saberes práticos - da empresa - e saberes técnicos – do/a consultor/a - que se desenvolve a metodologia de análise, assumindo o/a consultor/a, nesta fase, mas também ao longo da intervenção, um papel de facilitador/a, de mediador/a, mais do que de instrutor/a. Estamos assim perante uma perspetiva formativa da consultoria ao invés duma perspetiva instrutiva.
O ciclo de cada intervenção começa pelo diagnóstico, seguido do planeamento, o qual, por sua vez, dá origem à implementação. No final da intervenção é feita a avaliação que estabelece a comparação entre os resultados previstos e os resultados alcançados.

As ferramentas básicas da MPPO, seus principais outputs são:
- o levantamento de problemas – caracterização da situação atual;
- a árvore de objetivos – situação desejada face à situação atual;
- o quadro de medidas – relação entre as medidas e os problemas/objetivos terminais e
- a matriz de planeamento do projeto – ferramenta de planeamento do projeto que inclui informação relevante para o projeto tal como: medidas/atividades, custos das atividades, fontes/meios de verificação, resultados, indicadores, objetivos e finalidades.

Na utilização da MPPO há um conjunto de princípios, que constituem a sua matriz teórica, que devem ser seguidos e apropriados por quem pretende retirar o máximo desta metodologia, a saber:
i) princípio da participação ativa - também designado por empowerment - é transversal a toda a intervenção e é uma forma de garantir a diversidade de conhecimentos, opiniões e perspetivas dos/as vários/as interlocutores/as envolvidos/as num projeto;
ii) a situação grupal torna os indivíduos mais criativos – em diversos momentos da intervenção é proposta a situação de grupo tendo em vista a busca de perspetivas criativas e inovadoras;
iii) orientação para objetivos - o estabelecimento de objetivos funciona como fator de motivação e coesão para as pessoas envolvidas no projeto, desempenhando um papel de marcador e orientador de metas projetadas no tempo;
iv) diagnóstico antes do planeamento - a qualidade dos resultados alcançados tem que ter por base uma análise da situação de partida, um diagnóstico, que proporcione uma reflexão que favoreça o enriquecimento dos meios/soluções para minorar os problemas e alcançar melhorias;
v) as técnicas de visualização possibilitam a visão partilhada do projeto - a utilização de mecanismos que possibilitem a visualização esquematizada do projeto, tais como cartões ou post’its colados nas paredes – facilita a partilha dos pontos de vista, dos conhecimentos e dos valores dos elementos envolvidos na intervenção, podendo funcionar como catalisador de ideias, análises e raciocínios sobre o projeto a desenvolver;
vi) o planeamento e a implementação não podem estar separados - o planeamento das atividades de um projeto serve para antecipar necessidades ao nível de recursos (financeiros, materiais, humanos, temporais), bem como, antever possíveis constrangimentos. A implementação será sempre um momento de revisão do diagnóstico e do planeamento;
vii) o contexto de intervenção é um sistema complexo – parte-se do pressuposto nesta metodologia que o contexto da intervenção, qualquer que ele seja, é um sistema complexo, no qual se podem encontrar diversas variáveis que contribuem para os acontecimentos que afetam o quotidiano do contexto de intervenção.

A MPPO é uma metodologia normal e preferencialmente implementada por uma equipa externa à organização, opção que apresenta inúmeras vantagens para a entidade cliente, permitindo uma perceção mais crítica da realidade em relação às pessoas envolvidas nas rotinas, as quais já acostumadas, não percebem ou têm mais dificuldade em perceber, a existência de fatores indesejáveis e dificultadores dos processos. Outras vantagens a serem consideradas na contratação dos serviços de consultoria são a imparcialidade na análise dos problemas diagnosticados, a neutralidade, a experiência com os trabalhos realizados em outras organizações, atenção concentrada nas tarefas estratégicas, considerando que o/a consultor/a procura problemas, negocia soluções e alavanca as mudanças necessárias.

A Multiaveiro possui uma vasta experiência na utilização da metodologia de intervenção MPPO - Metodologia de Planeamento de Projetos tendo o início da sua intervenção neste domínio coincidido com a introdução/disseminação da metodologia em Portugal, através da participação em programas como a Formação PME e o Pronaci – Programa Nacional de Formação de Chefias Intermédias para a Indústria. Tem uma equipa de consultores/as e formadores/as certificados, com formação específica, competências multidisciplinares e com experiência de trabalho comprovada nas PME.

Os resultados obtidos ao longo dos anos nos vários projetos implementados pela equipa da Multiaveiro comprovam a eficácia desta metodologia no apoio às empresas, designadamente PME’s, seus/suas dirigentes e colaboradores/as, tendo gerado impactos muito positivos em diferentes áreas operacionais e/ou estratégicas das empresas.

Fontes consultadas:
Soares, Camila Jahn (2013), Gestão de Projetos de Formação e Consultoria - Potencialidades da Metodologia de Planeamento de Projetos por Objetivos na Contextualização de Projetos de Formação. Porto: Universidade Católica Portuguesa.
Pena, Rui (2005), MPPO – Manual do Formando. Porto: Ed. Bee ConsultingDisponível em http://www.arvoredeproblemas.ruipena.pt/
http://www.formacaopme.pt/


  

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