sexta-feira, 13 de maio de 2016

Aceitação e valorização da diferença


A orientação sexual diz respeito ao que cada pessoa pensa e sente sobre si própria e sobre a sua afetividade e sexualidade e por quem se sente atraída afetiva e sexualmente. A heterossexualidade implica a atração por pessoas de género diferente, a homossexualidade a atração por pessoas do mesmo género e a bissexualidade por pessoas de ambos os géneros.
Homossexualidade e bissexualidade constituem apenas variantes da sexualidade humana, tal como a heterossexualidade. É normalmente durante a adolescência, fase de profundo questionamento, que surge a consciência da homossexualidade. O reconhecimento da orientação sexual, contudo, pode surgir tanto antes, como depois da adolescência.
É cada vez mais frequente que a orientação sexual seja aceite e assumida com naturalidade e fluidez, mas continuam a persistir estereótipos e preconceitos associados à homossexualidade e à bissexualidade, o que faz com que seja por vezes mais fácil esconder ou negar a verdadeira orientação sexual.
Apesar da indiscutível evolução verificada em Portugal na última década ao nível dos direitos das pessoas homossexuais e bissexuais, designadamente no que respeita o casamento e/ou a adoção, continuam a verificar-se inúmeras situações de discriminação com base na orientação sexual, estando a homofobia (medo irracional em relação à homossexualidade) ainda bastante enraizada na sociedade portuguesa. De acordo com o Observatório da Discriminação da ILGA (Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero - IPSS que atua ao nível da defesa dos direitos LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero) no decurso de 2014 foram rececionadas 426 denúncias, sendo que 198 se enquadram em crimes motivados pelo ódio direcionados a pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexuais. A maioria destes crimes foi direcionada a jovens com idades entre 14 e 20 anos. A rede ex aequo, associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, intersexo e apoiantes, apresenta os seguintes dados relativamente à homofobia nas escolas em Portugal: 42% da juventude lésbica, gay ou bissexual afirma ter sido vítima de bullying homofóbico; 67% dos/as jovens declaram ter testemunhado episódios em que colegas foram vítimas de bullying homofóbico e 85% dos/as jovens afirmam ouvir com alguma frequência comentários homofóbicos na sua escola.
Estes dados reforçam a importância de intervenção contínua na sociedade a este nível, pelo que adquire especial significado a comemoração de datas como o 17 de maio, Dia Internacional  contra a Homofobia, Lesbofobia e Transfobia. Foi nesta data que, em 1990, a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças, passando esse dia a simbolizar a luta pelos direitos humanos, pela diversidade sexual e contra a violência e o preconceito.
Fortemente empenhada na criação de um mundo melhor, no qual a diferença é aceite e valorizada, a Multiaveiro tem investido na conceção de diferentes ferramentas didáticas, desde manuais temáticos a jogos pedagógicos, que possam constituir um recurso importante na dinamização de temas associados à promoção da igualdade de género, sobretudo em contexto formativo. Neste âmbito, foram já dinamizadas 4 edições do Concurso “Construir igualdades, afirmar diferenças”, através do qual se pretendeu, no enquadramento de diversos projetos formativos de média duração, de forma contínua e transversal, promover o combate de assimetrias diversas que constituem entraves ao exercício pleno de uma cidadania ativa e responsável. Lançou-se, portanto, um desafio aos diferentes grupos de formandos/as, que consistia na produção de materiais de sensibilização, em formato de cartaz, e às equipas formativas, que produziram diferentes jogos pedagógicos, alusivos à temática da igualdade de oportunidades (na qual se incluíram diferentes abordagens à igualdade de género).
Na edição de 2012 desta iniciativa, foi criado, por uma das equipas formativas, o jogo pedagógico “Aceitar a diferença”. Trata-se de um jogo de tabuleiro, que permite abordar a temática da orientação sexual e cujo objetivo fundamental passa pela desconstrução de preconceitos relacionados com a orientação sexual e a identidade de género.
Todos os jogos pedagógicos desenvolvidos no âmbito do Concurso “Construir igualdades, afirmar diferenças” se encontra disponíveis para utilização por os/as formadores/as e outros agentes educativos, devendo os pedidos para o efeito ser dirigidos à Multiaveiro.


Fontes consultadas:
APF (Associação para o Planeamento da Família) | www.apf.pt
CIG (Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género) | www.cig.pt
Observatório da discriminação em função da orientação sexual e identidade de género (2015), Números da violência contra pessoas LGBT | 2014. Lisboa: ILGA Portugal.

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