A orientação sexual diz respeito ao que cada pessoa pensa e sente sobre si
própria e sobre a sua afetividade e sexualidade e por quem se sente atraída
afetiva e sexualmente. A heterossexualidade implica a atração por pessoas de
género diferente, a homossexualidade a atração por pessoas do mesmo género e a
bissexualidade por pessoas de ambos os géneros.
Homossexualidade e bissexualidade constituem apenas variantes da sexualidade
humana, tal como a heterossexualidade. É normalmente durante a adolescência,
fase de profundo questionamento, que surge a consciência da homossexualidade. O
reconhecimento da orientação sexual, contudo, pode surgir tanto antes, como
depois da adolescência.
É cada vez mais frequente que a orientação sexual seja aceite e assumida
com naturalidade e fluidez, mas continuam a persistir estereótipos e
preconceitos associados à homossexualidade e à bissexualidade, o que faz com
que seja por vezes mais fácil esconder ou negar a verdadeira orientação sexual.
Apesar da
indiscutível evolução verificada em Portugal na última década ao nível dos
direitos das pessoas homossexuais e bissexuais, designadamente no que respeita
o casamento e/ou a adoção, continuam a verificar-se inúmeras situações de
discriminação com base na orientação sexual, estando a homofobia (medo
irracional em relação à homossexualidade) ainda bastante enraizada na sociedade
portuguesa. De acordo com o Observatório da Discriminação da ILGA (Intervenção
Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero - IPSS que atua ao nível da defesa dos
direitos LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero) no decurso de 2014
foram rececionadas 426 denúncias, sendo que 198 se enquadram em crimes
motivados pelo ódio direcionados a pessoas lésbicas, gays, bissexuais,
transgénero e intersexuais. A maioria destes crimes foi direcionada a jovens
com idades entre 14 e 20 anos. A rede ex aequo, associação de jovens lésbicas,
gays, bissexuais, transgénero, intersexo e apoiantes, apresenta os seguintes
dados relativamente à homofobia nas escolas em Portugal: 42% da juventude
lésbica, gay ou bissexual afirma ter sido vítima de bullying homofóbico; 67%
dos/as jovens declaram ter testemunhado episódios em que colegas foram vítimas
de bullying homofóbico e 85% dos/as jovens afirmam ouvir com alguma frequência
comentários homofóbicos na sua escola.
Estes dados
reforçam a importância de intervenção contínua na sociedade a este nível, pelo
que adquire especial significado a comemoração de datas como o 17 de maio, Dia
Internacional contra a Homofobia,
Lesbofobia e Transfobia. Foi nesta data que, em 1990, a Organização Mundial de
Saúde retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças,
passando esse dia a simbolizar a luta pelos direitos humanos, pela diversidade
sexual e contra a violência e o preconceito.
Fortemente empenhada na criação de um mundo melhor, no qual a diferença é
aceite e valorizada, a Multiaveiro tem investido na conceção de diferentes
ferramentas didáticas, desde manuais temáticos a jogos pedagógicos, que possam
constituir um recurso importante na dinamização de temas associados à promoção
da igualdade de género, sobretudo em contexto formativo. Neste âmbito, foram já
dinamizadas 4 edições do Concurso “Construir igualdades, afirmar diferenças”, através
do qual se pretendeu, no enquadramento de diversos projetos formativos de média
duração, de forma contínua e transversal, promover o combate de assimetrias
diversas que constituem entraves ao exercício pleno de uma cidadania ativa e
responsável. Lançou-se, portanto, um desafio aos diferentes grupos de
formandos/as, que consistia na produção de materiais de sensibilização, em
formato de cartaz, e às equipas formativas, que produziram diferentes jogos
pedagógicos, alusivos à temática da igualdade de oportunidades (na qual se
incluíram diferentes abordagens à igualdade de género).
Na edição de 2012 desta iniciativa, foi criado, por uma das equipas
formativas, o jogo pedagógico “Aceitar a diferença”. Trata-se de um jogo de
tabuleiro, que permite abordar a temática da orientação sexual e cujo objetivo
fundamental passa pela desconstrução de preconceitos relacionados com a
orientação sexual e a identidade de género.
Todos os jogos pedagógicos desenvolvidos no âmbito do Concurso “Construir
igualdades, afirmar diferenças” se encontra disponíveis para utilização por
os/as formadores/as e outros agentes educativos, devendo os pedidos para o
efeito ser dirigidos à Multiaveiro.
Fontes consultadas:
Observatório da discriminação em função da orientação
sexual e identidade de género (2015), Números
da violência contra pessoas LGBT | 2014. Lisboa: ILGA Portugal.
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